terça-feira, 30 de novembro de 2010
In Extremis - Olavo Bilac
Assim! De um sol assim!
Tu, desgrenhada e fria,
Fria! Posto nos meus os teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados...
E um dia assim! De um sol assim! E assim a esfera
Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...
E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! E este medo!
Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais a morte...
Eu com o frio a crescer no coração, - tão cheio
De ti, até no horror do verdadeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!
E eu morrendo! E eu morrendo,
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! A delícia da vida!
domingo, 14 de novembro de 2010
Reflexões de final de ano
É estranho como todo final de ano é igual. Começamos a pensar em tudo o que não fizemos, no que poderíamos ter feito melhor, no que fizemos de bom. E acabamos sempre fazendo as mesmas promessas: ano que vem eu melhoro, ano que vem eu emagreço, ano que vem eu guardo dinheiro...
E o novo ano começa e começam os mesmos problemas, e mais uma vez deixamos de lado todas as promessas feitas.
Não devemos esperar o ano novo para mudar. A mudança deve começar hoje.
Sempre gostei deste poema de Carlos Drummond de Andrade. Acho que ele diz tudo sobre isso:
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Terras agredidas
túmulos, tanto martírio, tanto
galope de feras na estrela!
Nada, nem sequer a vitória
apagará esse terrível buraco de sangue:
Nada, nem o mar, nem a passagem
de areia e tempo, nem o novo gerânio
no túmulo.
Pablo Neruda (1937)
domingo, 7 de novembro de 2010
Filmes
Em português: O golpista do ano. Bem diferente do que estamos acostumados a ver de Jim Carrey.
Coraline e o mundo secreto. Menina muda-se para outra casa e descobre uma passagem para um outro mundo. Apesar de ser uma animação, não é recomendável para crianças pequenas.